segunda-feira, 23 de maio de 2011

Alesc lança Campanha que incentiva a adoção tardia


Florianópolis - A Campanha Adoção - Laços de Amor foi lançada na manhã desta segunda-feira (23), no Palácio Barriga Verde. A iniciativa da Assembleia Legislativa, do Ministério Público, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/SC) e do Tribunal de Justiça tem como objetivo aumentar o número de adoções através da sensibilização da sociedade e da agilização no trâmite dos processos. Para isso, enfrenta o desafio de quebrar velhos paradigmas e incentivar também a adoção tardia. Hoje, em Santa Catarina, 62% das 1656 crianças em casas de acolhimento têm acima de 10 anos de idade, enquanto a maioria dos pretendentes dá preferência a bebês de até três anos.

A solenidade foi aberta pelo presidente da Assembleia Legislativa, deputado Gelson Merisio (DEM). Ele saudou a união de forças dos vários agentes envolvidos na mobilização e manifestou a esperança no incremento no número de adoções tardias até dezembro, data do encerramento da campanha. “Tenho absoluta convicção de que este cenário vai mudar e várias crianças passarão o Natal já com suas novas famílias”, afirmou.

A Vereadora Susi Bellini, participou do evento representando a Câmara de Vereadores de Itajaí. O lançamento contou com a palestra dos psicólogos Luiz Schettini e Suzana Sofia Schettini que falaram com clareza sobre as dificuldades e dúvidas enfrentadas hoje pelos pais que aguardam adoção e pelas crianças que esperam por um lar. “Existe diferença entre genitores e pais. Sabemos que muitos são apenas genitores”, falou Luiz. “Precisamos praticar a atitude adotiva, as crianças dependem de nós”, disse Suzana ao frisar a importância da Campanha lançada.

Após as palestras a possibilidade de reduzir os prazos legais para acelerar os processos de adoção foi amplamente debatida no painel “Os prazos forenses e as adoções em Santa Catarina”. Gelson Merisio ressaltou que as crianças disponíveis para adoção terão mais chances de conseguir um novo lar quanto antes for concedida a destituição legal da família biológica. A proposta teve eco no poder Judiciário. A juíza da Vara da Infância e da Juventude da Comarca de Gaspar, Ana Paula Amaro da Silveira, apontou pelo menos duas instâncias em que esses trâmites podem ser abreviados.

Segundo ela, a Lei 12.010/2009, chamada lei da adoção, traz de forma repetitiva e insistente a necessidade de manter a criança dentro de sua família de origem. “Entendo que esta lei não foi feliz no seu texto ao insistir tanto”, afirmou.

Outro grande problema a ser enfrentado quando se fala em adoção no Brasil é uma antiga concepção de que este é um recurso para casais impossibilitados de gerar filhos. O preconceito transparece nos números: dos 3.586 inscritos no cadastro, 90% aceitam apenas crianças de zero a seis meses e 70% de zero a três anos. É nesse ponto que a campanha Adoção - Laços de Amor pode mudar o cenário em Santa Catarina, de acordo com o deputado Merisio. “Muitas vezes esse olhar se amplia durante o processo, em contato com as crianças nos abrigos. Nossa intenção é mostrar por meio de casos reais como uma família pode ser feliz com a adoção tardia”, enfatizou o parlamentar, que já tem dois filhos adotivos.

“Fico feliz por nosso Estado estar engajado em resolver os problemas amplamente diagnosticados e discutidos neste painel. Acompanho sempre o tema e como mãe e parlamentar não posso deixar de participar e torcer para que a Campanha motive os candidatos a pais adotivos e que a legislação tenha as mudanças necessárias para melhorar este processo”, disse Susi Bellini.



Texto: Adjorisc e Elizângela Cardoso